Tua voz é uma indecência só. Indecente, incandescente, fosforescente. É sempre um quase sussurro, gemido abafado, sempre em segredo. Tuas frases alternam luz e sombra, entre consoantes, vogais e o ar denso entrecortando as palavras. Tua inspiração faz parte do que queres dizer e é sempre como um sopro em minha nuca molhada, depois de uma lambida. Tua voz soa meia luz, canta em meio tom e serpenteia entre dentes, sibilante, rastejante, subrepticiamente, vibrando víbora nas curvas da minha orelha, tocando aflita o lóbulo com sua língua ambígua e ela toda então desliza grossa, lisa, úmida de saliva, deflorando o ouvido.
*Ticcia
*Ticcia
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"São tantos bares em teu desejo
Tantos beijos em teu se dar
Eu te procuro e só me perco
À luz neon do teu olhar
Mas hoje o meu hálito é cor de vinho
E me alinho aos deuses do que vier
Um decote ousado, um ar mordido
Você não conhece uma mulher
Me leva contigo ao mundo teu
Ensina os desatinos do mundo teu
Quero me deitar com quem te ama
Na cama do deus que me abençoar
Divide comigo a minha loucura
De te amar assim sem me atinar
A insanidade é uma criança
Sozinha, querendo brincar"
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