Saturday, April 22, 2006

Rumor

O telefone toca
mas não é você
nunca é

O carro que passa
parece o seu
mas não é

O homem da fila do banco
que usa uma roupa
tão parecida...
não é você

O encontro fortuito
no elevador
O homem que me canta
no calçadão
não é você

O olhar capturado
pelo meu corpo
não é o seu
não é

O perfume que uso...
O decote ousado...
As pernas trêmulas...
Mas não é você



O batom,
colares e brincos
brincadeiras
jogos e promessas
que precisam de você...

Vestidos de alcinhas
dietas
cores e unhas
que precisam de você...

Sandálias, saltos
calcinhas, suspiros
botões e blusinhas
risos e músicas
que precisam de você...

Buscam...
Olhar
que se perde sem rumo
pois ruma a você

E seu rumo
perdeu
E fica um rumor
de seu nome
rondando meu dia-a-dia.

*Verônica Bernardi



1 comment:

Ana Claudia Lintner said...

"Guardei em minha memória
tudo o que fui ou vivi:
como quem guarda na estante
um livro que nunca leu,
Guardei meu eu, nesga por nesga,
fragmento por fragmento,
não deixei um só momento
perdido, ao andar do tempo.
Guardei em minha memória
os amores que não tive,
os amores que não pude
e os que jamais sequer vi,
todos meus sonhos desfeitos
meus ideais por fazer,
minhas chagas por curar,
minha vida por viver.
Guardei em minha memória
meu íntimo ser por completo:
fragmento por fragmento,
nesga por nesga meu eu
com todos os seus tormentos.
Porém,o que mais me entristece,
é que minha alma se esquece,
por vezes, de me esquecer."