Wednesday, November 28, 2007

Parte do tempo eu procuro esquecer
Prefiro acreditar que é assim mesmo e vou levando
Finjo que não percebo a falta, a ausência...
Mas a vida, por vezes, se impõe me mostra sua realidade nua e crua
com seus tons marcados como navalha cortando na carne
Neste instante é impossível negar, fingir, abstrair...
Este amor que me é negado com violência, veemência, crueldade, indiferença...
Transborda incessante em meus poros
Transparece em meus olhos
Como sinal indelével de algo que me pertence
e no entanto me é alienado.
Tirar de alguém o direito divino de amar e ser amado
é como condenar a alma a uma morte em vida
Ao vagar alheio do olhar de quem quer que seja
Alheio a piedade, a caridade, a benevolência...
Tudo isso me tem sido negado....
E mesmo tentado o tempo todo esquecer e suplantar tal fardo
Ainda assim esse amor em meu peito acorrentado
Se faz doce, presente e sincero...
Não sei se sobreviverá ao próximo átimo de consciência
Ao negar algoz de sua existência
A sua não correspondência
E ao infértil ímpeto de se propagar.

*Mila Mandrag

Sunday, November 25, 2007

Meu ofício é o das infimidades, das insignificâncias, dos resquícios, do que mais cedo ou mais tarde ficará impresso em página nenhuma, desbotará ao sol de um dia esquecido e secará à mingua. Meu ofício é o da inapreensão, da volatilidade e da inconcretude, do que nunca terá raízes, do que nunca saberá do ventre, do que nunca cumprirá um laço e num dia de vento será elevado aos ares, rodopiará sobre as árvores, subirá além dos fios de alta tensão e desaparecerá por detrás de um edifício cinzento. Meu ofício é o da impermanência, do que não se sustenta sobre o próprio peso, do que não vale preço algum, do que se perde no exílio de si mesmo, do que é descartável, prescindível, etéreo.

*Ticcia

Thursday, November 22, 2007


No puedo obligarte a que me quieras.
Sabe Dios que no puedo dejar de quererte.
La espina del dolor rasga mi pecho.
Sé que no te alejará la niebla de los días.
No hay un solo motivo por el que quiera olvidarte.
Seré, sin molestarte, sin que sepas de mí,
gozne que hará girar la puerta de tu sueño.
Sé que no me olvidarás.
Sé que no te olvidaré en la niebla de los días.
A tu hoguera de pavesas llego y soy bien recibido.
Bebe y llénate la copa que te ofrezco siendo otro.
No te guardo rencor porque hayas abandonado.
Sé que no te alejarás. Sé que no te alejarás.
vives tras tu muralla.
Seré, sin que sepas de mí.
Seré lo que yo quiera ser.
El deseo en los besos que des.
Seré lo que tú quieras ser.
Seré. Sin que sepas de mí.
El guante que cubra tu mano,
la mano que arañe tu espalda,
alfanje a tu cuerpo ceñido,
seré en tus labios su fina curva.
Seré trino irisado de jade,
nazarí, palabra de poeta,
alfanje bruñido en siglos,
blanco de lirios. Aljibe y agua.


*Manolo García

Sunday, November 18, 2007



Tuas palavras agora
Se transformam em gestos, sentidos, toques
Tua boca calada, agora me fala e me beija
Teus olhos perdidos, agora estão dentro dos meus
Tuas mãos entrelaçadas às minhas
Tua língua em mim
Teu sorriso no meu
Te reconheço em cada instante
Te reencontro a cada momento
E assim te resgatando em mim
É que me sinto inteira.

Thursday, November 15, 2007

Faz uma chave...




Faz uma chave do teu coração
E empresta-me por algum tempo
Vou entrar em silêncio, enquanto dormes
E fazer preces para que acordes sorrindo

Recitarei versos para deixar tua alma cheia de poesia
E depois narrarei a escalação do teu time favorito de cor
Se preferires, revelo a receita do doce que tanto gostas
E se não quiseres me ouvir mais, farei um silêncio de pedra

Mas dá-me a chave para que penetres a tua casa
Para que possa visitar vestindo apenas flores
O lugar onde teus sonhos são cultivados

Não tranques a porta por dentro, deixe-me
entrar sem bater, e depois esqueçamos dessa chave...
Para que não te feches mais, embora já faça parte de ti.

*Carol - Casa de Palavras

Wednesday, November 14, 2007


"Dentro aqui alguns brotos pipocam fora de hora. É a vida. Divisor de águas. Todas as estações no meu caminhar. Para parir é preciso ter coragem. Pra seguir viagem também. Estou prenha de luz. A suavidade da vida começou. Andei mais léguas. Fiquei mais velha. Virei todas as páginas e depois as queimei. O que rebrotou sou eu. Alma leve. Saudável. Feliz. Se a vida é por um triz não sei. O que quero saber agora é do sol dentro de mim..."