Thursday, April 30, 2009


Queria te conhecer hoje e esquecer que já andaste por minha vida, já chegaste e já partiste. Queria fazer a trilha inaugurando o caminho sem refeituras, sem reconstruções, preservando os bordados dos dias, vivendo-os novamente sem saber que já os vivi. Queria andar nas pegadas do que vivemos juntos e emprestar-lhes cores mais intensas, dar de comer aos momentos como quem alimenta pássaros nas mãos e te olhar mais, absorver mais o cheiro da tua pele, sentir mais o gosto da tua boca. Queria me entregar de novo pela primeira vez e então te olhar nos olhos, me amiudar entre os teus braços sabendo da falta que me farão e do quanto o mundo fica grande e triste depois que tu te vais. Queria ouvir de novo a tua voz dizendo o meu nome tão junto dos meus lábios sabendo que aquele pequeno milagre jamais se repetiria. Queria não me deixar adormecer ao teu lado e decorar tua anatomia, o som da tua respiração, a cor dos teus cílios, enquanto tu ainda descansavas naquela última noite. E te olharia pela última vez sem esperanças ou certezas, sem infinitudes ou amplidão, e seria simplesmente eu e minha tristeza, sem carregar para sempre essa dor de morte nos braços.

*Ticcia

Monday, April 27, 2009



"Todos os girassóis são pra ti 
Todo meu afeto 
Toda a minha vida 
As flores que ainda carrego comigo 
Todos os meus pensamentos 
Feliz aniversário meu amor..."


Saturday, April 25, 2009



beije-me as coxas
pálpebras, dedos, lóbulos
os dois

beije-me os seios
um e outro, que são ciumentos
ambos

beije-me os lábios
superior e inferior
os grandes e os pequenos

todos


*Martha Medeiros

Wednesday, April 22, 2009

Quantas noites não durmo,
A rolar-me na cama
A sentir tanta coisa
Que a gente não pode explicar quando ama
O calor das cobertas
Não me aquece direito
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.




Volta,
Vem viver outra vez ao meu lado,
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado


*Lupicínio Rodrigues

Monday, April 20, 2009



Tu me vês sólida, torre alta, crivada de mosaicos, recheada de labirintos, estruturada em rocha, invulnerável. Me vês bastante em mim, servindo-me dos outros e de ti num bacanal onde sou a anfitriã e a convidada de honra. Além do que eu digo, há sempre algo velado, maquinado em meu próprio interesse. Meus sofrimentos são feras domesticadas há muito e minhas lágrimas são meus escudos servis, muito úteis, quando necessários. Não preciso de ninguém, não quero ninguém que possa desbordar para além das funções pré-determinadas, ninguém que possa tolher minha plena, ampla, irrestrita, absoluta e irrenunciável liberdade. Manipuladora em um grande teatro de sombras, onde do outro lado da tela só existe eu. Grande aranha negra, perversa e pervertida, devassa e devastadora, meu fim sou eu e minhas vontades; meus meios, o meu prazer e suas múltiplas possibilidades. Esta é a que te convém, a que não sofre e não quer nada além do mundo torto e mesquinho que lhe ofereces, a que te reserva um lugar tão pobre e menor em sua vida quanto o que a ela destinas, a que te quer entre as pernas mas não entre os braços, a que não se humilha com o teu desdém, nem com o teu pouco caso, afinal, a lista é enorme e sempre pode-se chamar o próximo. Esta é a que te deixa copular em paz com a tua culpa, tua covardia, tua crueldade.
Mas esta não sou eu.


*Patrícia Antoniette


Eu tava aqui tentando não pensar no seu sorriso
Mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido
E te liguei
Me encontro tão ferida, mas te vejo ai também em carne viva
Será que não tem jeito?
Esse amor ainda nem nasceu direito, pra morrer assim

Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais
Se você tivesse tido calma pra esperar
Se você quisesse poderia reverter
Se você crescesse e então se desculpasse
Mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo
É que eu não posso mais

Não vou voltar atrás
Raspe dos teus dedos minhas digitais
Eu não vou voltar atrás
Apague da cabeça o meu nome, telefone e endereço
Eu não vou, eu não vou voltar atrás
Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos(...)

*Isabella Taviani


Sunday, April 05, 2009


Para ti que te siento,

que anhelo tus suspiros

que recorro tus ausencias

que añoro aunque te acompañe

para ti que eres mi ser

y siendo mi ser, te pertenezco.