Tu me vês sólida, torre alta, crivada de mosaicos, recheada de labirintos, estruturada em rocha, invulnerável. Me vês bastante em mim, servindo-me dos outros e de ti num bacanal onde sou a anfitriã e a convidada de honra. Além do que eu digo, há sempre algo velado, maquinado em meu próprio interesse. Meus sofrimentos são feras domesticadas há muito e minhas lágrimas são meus escudos servis, muito úteis, quando necessários. Não preciso de ninguém, não quero ninguém que possa desbordar para além das funções pré-determinadas, ninguém que possa tolher minha plena, ampla, irrestrita, absoluta e irrenunciável liberdade. Manipuladora em um grande teatro de sombras, onde do outro lado da tela só existe eu. Grande aranha negra, perversa e pervertida, devassa e devastadora, meu fim sou eu e minhas vontades; meus meios, o meu prazer e suas múltiplas possibilidades. Esta é a que te convém, a que não sofre e não quer nada além do mundo torto e mesquinho que lhe ofereces, a que te reserva um lugar tão pobre e menor em sua vida quanto o que a ela destinas, a que te quer entre as pernas mas não entre os braços, a que não se humilha com o teu desdém, nem com o teu pouco caso, afinal, a lista é enorme e sempre pode-se chamar o próximo. Esta é a que te deixa copular em paz com a tua culpa, tua covardia, tua crueldade.
Mas esta não sou eu.
*Patrícia Antoniette
Mas esta não sou eu.
*Patrícia Antoniette
1 comment:
Kittynha,
Amei o novo lay, ficou a sua cara! Saudade de vc...
O amor transforma, Kitty, nós sabemos disso.
Beijo bem grandão, você é linda, menina do Planalto Central.
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