Wednesday, August 30, 2006

Metade Ideal



Amei-te porque em ti, minha impetuosidade encontrou refreio
Porque tua doçura retemperou a intrepidez dos meus anseios
E tua serenidade mesclou de paz meu turbilhão.
(...)

Amei o encanto da tua fala, a magia do teu sorriso
Amei o teu retrato, a tua prudência e até a tua timidez
Amei o teu jeito único
E mil vezes eu te amaria outra vez.

Humana, também amei o invólucro que aninha teu ser
E assim, amei teu corpo, teus olhos, teu cheiro
Amei em ti o que não morre, e o que em ti, há de perecer.

Já não questiono se tua ausência é um bem ou um mal
Apenas submeto-me passiva, ao traçado do meu destino
Que aparta-me de ti e me priva da minha METADE IDEAL.


*Fátima Irene

Thursday, August 24, 2006

O meu coração está no meio da ponte
e tem o tamanho de uma violeta por arrancar.
É vagalume no casulo das tuas mãos,
que trinca as horas e assusta o tempo.
É janela para a calçada em pedra,

que te acaricia o pé esquerdo
e dá passagem às amendoeiras
que te crescem nos olhos.
É poesia que bate no teu peito,
é coroa trifásica de flor em punho,
que se descasca e mergulha no mar
à espera de – no fundo – te encontrar
.



Wednesday, August 23, 2006


"Estendeu a mão. Tocou o peito. Cheirou a carne. Sentiu o calor. Ele acariciou-lhe as costas. A mão aberta. Atenta. Alerta. Beijou o cabelo. Prendeu-o na boca. A cada carícia se abriam. A cada carícia se fechavam um no outro. Os gestos eram laços e um no outro se prendiam. E a ternura era sólida. O amor era ternura. O desejo era fome. A fome estava nos gestos. E os gestos eram ternura. Na boca um do outro disseram do amor. No corpo um do outro disseram desejo.E a ternura era fogo. Os corpos uniram-se. O suor de um confundiu-se com o suor do outro. E a ternura era líquida. E um no outro a beberam, e um no outro se saciaram. E um no outro se guardaram. Tão juntos que eram uma linha.
Tão juntos que eram um.
A ternura era corpo.
E o corpo era um"




Tuesday, August 22, 2006

Queria estar ao teu lado
agora e apertar bem forte
o teu corpo contra o meu…
O meu corpo preso no teu…
Os nossos corpos fundidos…
Os nossos corpos unidos…
Corpos que se juntam
à procura do prazer.
Corpos que se olham
e que se molham…




Queria ser dona dessa cena
de prazer explicito, inventar
uma posição nova para a teia
do poema que cresce no meio
do desejo de te ter colado a mim.
Queria abafar o teu grito
de prazer com o meu e esconder a tua boca na minha…
A minha boca presa à tua…
O nascer de um beijo
nos lábios que se comem…
Lábios que se encostam
e que se molham…
Queria encenar esta cena
contigo, no meu quarto
habitado por frases poéticas.
Queria ver as tuas forças
dissiparem-se à medida
que o teu prazer aumenta…
Que o meu prazer aumenta…
Que o nosso prazer acaba…
Ver o meu prazer, que aumenta
quando o poema acaba…
Quando acabo um poema."



Monday, August 21, 2006


Que vaga rima me permite agora
desenhar-te de rosto e corpo inteiro
se só na tua pele é verdadeiro
o lume que na língua se demora...

*Antonio Alexandre



Tuesday, August 15, 2006

Plena mulher, maçã carnal, lua quente...
que escura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ares sufocados e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos
e dois corpos por apenas um mel derrotado.
Beijo o teu beijo e recorro ao teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povos pequenos,
e ao fogo genital transformado em tua delicia.
Corre pelos pálidos caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão um raio na sombra.

*Pablo Neruda

Sunday, August 06, 2006

Divina & Profana




I

ardente
como pecado capital
grita em meu corpo
a louca vontade
de roubar os teus sonhos

e tatuar em teu corpo
meus desejos divinos


II

invado tua razão
e escrevo em tua crença:

o paraíso é logo aqui
onde começa
o meu cio


III

nem puta
nem santa

só dilacerada
pelo desejo de ser boca
na redenção de tua carne



Friday, August 04, 2006

...Tanto que te pienso no te hara mirar, hoy me veo tanperdida por estar tan lejos...




...Lejos de tu amor, lejos de tu corazon, lejos de tu amor y sinsalida, mire ...
Lejos de tu amor, lejos de tu corazon, lejos de tu amor y sinsalida, vuelve...







Eu acreditei
No teu amor, no teu querer, nos teus sinais
Na dor do teu olhar com medo de não me ver mais
Mas entendi que nos dois somos pontos cardeais
Ligados por um fio imaginário
Mas sempre distantes demais

Eu então me perguntei
Até onde posso suportar?
Até onde quero e me permito violentar?
Pois te amar tanto assim lhe convém
Mas me sangra tão bem

Você parece estar à sombra de uma arvore
Enquanto eu saio pra lutar ao sol
Você parece repousar
Num transatlântico de luxo
Enquanto minhas mãos
Fazem bolhas de tanto remar
Então por que já não me diz adeus
Pra eu parar de cantar...

*Isabella Taviani



Wednesday, August 02, 2006



Deixar a fome envenenar-me...

Pela minha gula...

Por teu sexo...



Tuesday, August 01, 2006

"Não que ela não guardasse na boca a vontade sedenta. Não. Ele, entretanto, não lhe roubava. Não lhe obrigava. Deixava-se roçar apenas. Um roçar leve de faces e bocas que não se poderia chamar de beijo. Ante-sala, talvez. (...) Nada aconteceria. Só as ameaças. (...) O quase-beijo, o quase-desejo, a quase-carícia. Depois seguiam conversando sobre as coisas triviais da vida de cada um. (...) Silêncios de êxtase. Até que a sede em gritos calou os líquidos das bocas. Ela conferiu-lhe os lábios entre os dentes. Bons. Ele experimentou-a na ponta da língua. Arrepio. Somente quando a palma da mão suave acariciou-lhe a face, ela teve medo. Colocou selo no beijo. Sorriu confusa e continuou de algum ponto a conversa sobre as coisas triviais da vida. Melhor não aprofundar. Nem a conversa. Nem a língua (?)."

*Ane Aguirre