Monday, April 24, 2006






















"A tua voz...
Doce, me faz sonhar;
Calma, me tranqüiliza;
Alegre, me faz sorrir;
Firme, me faz segura.
Te ouvir é bálsamo para os dias vazios;
Para a sensação blue deste cinza incrustrado em mim;
É brisa fresca para meus calores;
É chuva para meu interior ressequido.
Tua voz é minha canção predileta;
Tuas palavras, meu desejo;
O alimento para minha solidão;
O estímulo para a luta;
Meu não-sofrer."





Sunday, April 23, 2006


Em poucos dias virás e dentro de mim cavalgam corcéis negros em disparada através de rios rasos e o barulho das patas ressoa no peito. Do sem fundo relincham ardores e sou toda chaga, toda ferida aberta, toda flanco exposto. Em poucos dias virás e os relógios da casa estão com os ponteiros parados e antecipam o som dos teus passos. Nenhuma flor há de abrir nos vasos, até que sintam tua presença. Tudo está suspenso e pulsante, tudo lateja e te espera. Em poucos dias virás e não tenho descanso. Dentro de mim revoam besouros, trilham formigas, cantam grilos, dentro sou só uma desesperada efervescência que cozinha nervos em fogo brando. Temo me perder entre os segundos e não te ver passar, melhor acorrentar-me à porta de entrada. Em poucos dias virás e tudo será tingido mais uma vez de um azul novo, prenho de vermelho. Em poucos dias sóis instáveis desabrocharão dentro dos olhos e debaixo das unhas e minha carne se fará tua riqueza. Em poucos dias, rica também me farei.

*Ticcia, adaptado

Saturday, April 22, 2006

Rumor

O telefone toca
mas não é você
nunca é

O carro que passa
parece o seu
mas não é

O homem da fila do banco
que usa uma roupa
tão parecida...
não é você

O encontro fortuito
no elevador
O homem que me canta
no calçadão
não é você

O olhar capturado
pelo meu corpo
não é o seu
não é

O perfume que uso...
O decote ousado...
As pernas trêmulas...
Mas não é você



O batom,
colares e brincos
brincadeiras
jogos e promessas
que precisam de você...

Vestidos de alcinhas
dietas
cores e unhas
que precisam de você...

Sandálias, saltos
calcinhas, suspiros
botões e blusinhas
risos e músicas
que precisam de você...

Buscam...
Olhar
que se perde sem rumo
pois ruma a você

E seu rumo
perdeu
E fica um rumor
de seu nome
rondando meu dia-a-dia.

*Verônica Bernardi



Friday, April 21, 2006


"Sozinha entrego-me às delicias de mim, deito-me comigo, desperto para os desejos escondidos no meu corpo, as minhas mãos conhecem-me, o meu corpo suplica-as, olho-me e gosto do que vejo, conheço cada poro, cada prega da minha pele, sei onde começa e acaba o prazer, toco-me devagar, a minha boca umedece-me os dedos, as minhas pernas abrem-se a mim, excito-me e deixo-me ir, os meus olhos fecham-se e beijam-me a alma e os meus dedos entram em mim, suavemente, ao ritmo que me faz desfrutar o momento intenso, mas tranquilo, contorço-me, nesta troca de loucuras, onde apenas estou eu, sinto o calor que o meu corpo emana, o arrepio abaixo do umbigo, solto um gemido, para me ouvir, e não me contenho no momento do orgasmo que me invade e me leva ao céu, levo o momento até ao fim, até sentir que o meu corpo está pleno de mim.

Amo-me querendo saber o que sentias quando fazias amor comigo."

Silêncio dos passos únicos. Meus sonhos estão todos aqui. Verdades ásperas saem da minha boca enquanto espero por seus beijos. A saudade então... essa já possui vontade própria. Minhas palavras são sempre as mesmas, pois os meus desejos permanecem inalterados. Dias repletos de ansiedade pelos sorrisos seus. Eu aqui descubro diariamente novas estrelas e pra uma delas dei teu nome. Quando chegar, quero te mostrar as mais novas descobertas de felicidade e um sentimento absoluto que deixei exposto em minhas escritas. Vai conseguir perceber que preciso de asas, pois as que tenho comigo ainda são emprestadas. Que quebrei minha promessa quando jurei mil vezes por dia ficar calada, mas o amor não cala. Quero um pouco de você agora. Quando chegar, olhe nos meus olhos e me abrace. Depois disso não quero pensar mais em nada...


*Marcella (adaptado)

Thursday, April 20, 2006

Quero teu colo e o cheiro que tens abaixo do olho, perto no nariz e os teus olhos ancorados nos meus, teus olhos como bocas escancaradas prontos para devorar meus pensamentos. Quero um momento desses, que já tive tantos, para decorar mais uma vez a cor das tuas palavras, sentir os riscos que fazem em minha pele, as pegadas que deixam em meus sentidos. Quero me abrir toda em pétalas, oferecer minha matéria aos teus dedos e impregnar minha substância sob tuas unhas. Quero amarelecer teu sorriso pelas ruas vazias de mim. Quero te amar, pequena e tola, mais uma vez e depois me achar cravejada de rubis e esmeraldas, aos pés de um altar onde não há nada além do Teu Nome.


*Ticcia

Wednesday, April 19, 2006

"Eu delinqüesço entre as possibilidades e os sonhos e vou brotando pequena e verde com musgos nos dedos, flores brancas nos olhos. Em mim a rastejância das raízes rentes aos muros, das brotações nas frestas das pedras, das florações extemporâneas de abril. Em mim a fragilidade das teias bordadas de noite líquida e uma expectativa de olhos arregalados e cílios piscantes. Silenciosamente, vou amanhecendo entre os azuis mais novos do dia a espera dos teus braços de sol."





Sunday, April 16, 2006


Mas como fazer se não te enterneces com meus defeitos, enquanto eu amei os teus?

Minha candidez foi por ti pisada. Não me amaste, disto só eu sei.
Estive só. Só de ti.

Escrevo para ninguém e está-se fazendo um improviso que não existe.
Descolei-me de mim.




*Clarice Lispector - Água Viva



Tudo que eu queria agora
Era um beijo teu
Molhado como quase sempre estão os olhos meus
Deitar nos teus ombros e dormir em paz
Será que é pedir demais?
Cadê você amor?
Sozinha agora estou
Tudo o que eu queria
Era o seu calor
Colar teu corpo junto ao meu
Detonar o cobertor
Mas é contraditório
Tua pele quente me faz tremer
Cadê você amor?
Por que não vem me ver?
E ai o que é que eu faço
Com essa falta que você me faz?
A hora nesse quarto parece andar
Pra trás
Mas quando estou com você
O tempo voa.

*Isabella Taviani




O melhor beijo é o beijo desejado,
o beijo que me completa,
o beijo da minha forma adequada,
o beijo com o sabor do desejo na flor da minha pele,
o beijo da minha vontade,
o beijo que faz o meu pensamento,
o beijo que faz a minha boca e meu corpo querer um novo beijo outra vez.
O melhor beijo é o beijo sem tempo,
o beijo de longa duração ou de pouca duração,
um beijo de vinte segundos ou de vinte minutos, isto não importa.
O tempo não conta, enquanto se beija o tempo para, o tempo freia.
E nesta inércia do tempo só sinto a louca vontade de mais um beijo.
Sinto a outra língua que de encontro com a minha faz um passeio suave e excitante,
umedecendo minha alma.
Sinto a língua que viaja dos dentes ao céu da boca.
Sinto a língua que acarinha os meus lábios.
A língua e a língua...
A língua que me roça, que me percorre, que me navega e que me lambe ...
O melhor beijo é o beijo em que a língua faz o beijo."

"E o beijo faz o sexo"

Saturday, April 15, 2006

E se?...

e se eu disser que o amo?
e se eu quiser lutar por isso?
e se eu desistir?
e se eu disser de novo?
e se eu pedir mais uma vez?
fica comigo?
e se eu tentar de novo?
e se eu realmente quiser convencê-lo?
e se eu não tiver coragem de dizê-lo?
e se for verdade?
como dizer?
e se for só vontade?
o que fazer?
e se for vaidade?
como vencer?
e se for só nós dois?
por quanto tempo vai me negar?
e se não existir mais ninguém quando eu acordar?
e se eu não o amar?
o que será de mim?
por onde anda você?
o que há conosco?
onde estamos nós?
para onde vamos?
e se formos juntos?
e se formos um só?
e se for verdade?
e se for mentira?
vaidade?
ousadia?
convencimento?
espera?
mentira?
ilusão?
amor?
pura poesia?
e se for?


Friday, April 14, 2006

La teoría de los fósforos:
“Mi abuela tenía una teoría muy interesante, decía que si bien todos nacemos con una caja de cerillos en nuestro interior, no los podemos encender solos, necesitamos, como en el experimento, oxígeno y la ayuda de una vela. Sólo que en este caso el oxígeno tiene que provenir, por ejemplo, del aliento de una persona amada; la vela puede ser cualquier tipo de alimento, música, caricia, palabra o sonido que haga disparar el detonador (y así encender uno de los cerillos. Por un momento nos sentiremos deslumbrados por una intensa emoción. Se producirá en nuestro interior un agradable calor que irá desapareciendo poco a poco conforme pase el tiempo, hasta que venga una nueva explosión a reavivarlo. Cada persona tiene que descubrir cuáles son sus detonadores para poder vivir, pues la combustión que se produce al encenderse uno de ellos es lo que nutre de energía el alma. En otras palabras, esta combustión es su alimento. Si uno no descubre a tiempo cuáles son sus propios detonadores, la caja de cerillos se humedece y ya nunca podremos encender un solo fósforo. Si eso llega a pasar el alma huye de nuestro cuerpo, camina errante por las tinieblas más profundas tratando vanamente de encontrar alimento por sí misma, ignorante de que sólo el cuerpo que ha dejado inerme, lleno de frío, es el único que podría dárselo. (…) Hay que permanecer alejados de personas que tengan un aliento gélido. Su sola presencia podría apagar el fuego más intenso, con los resultados que conocemos. (…) Hay muchas maneras de poner a secar una caja de cerillos húmeda, pero puede estar segura de que tiene remedio.(...) si por una emoción muy fuerte se llegan a encender todos de un solo golpe producen un resplandor tan fuerte que ilumina más allá de lo que podemos ver normalmente y entonces ante nuestros ojos aparece un túnel esplendoroso que nos muestra el camino que olvidamos al momento del nacer y que nos llama a reencontrar nuestro perdido origen divino.”


*Do filme "Como Água para Chocolate"

I'm not a perfect person
Those are many things I wish I didn't do
But I continue learning
I never meant to do those things to you
And so, I have to say before I go



That I just want you to know
I've found a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you

I'm sorry that I hurt you
It's something I must live with everyday
And all the pain I put you through
I wish that I could take it all away
And be the one who catches all your tears
That's why I need you to hear
I've found a reason for me
To change who I used to be
A reason to start over new
And the reason is you
And the reason is you...

*Hoobastank

Vamos brincar de faz-de-conta?

Faz de conta que você me sorriu,
me apresentou todas as alegrias,
me descobriu em todos os lugares,
sentiu-me em todos os teus toques...

Faz de conta que me encontraste sem esperanças,
me apresentaste novas perspectivas,
deste-me a mão, percorreste comigo todos os caminhos.

Faz de conta que minha busca acabou,
que encontrei teus olhos,
te pedi para ficar, te deixei partir...

Faz de conta que não te amo,
que não me amas,
que não há beleza em nossos encontros,
que nossa história acabou.

*Nefertari

Thursday, April 13, 2006

Sorrir e corar com palavras doces, pintadas à mão.
Sentir a tua ausência como o sacrifício que vale a pena.
Acontecer-me o amor como à fruta que amadurece no cesto.
Ultrapassar barreiras do toque, dos beijos e da solidão.
Viajar nos teus sonhos e debruçar-me à janela dos meus.
Ouvir a tua voz e entorpecer-me de paixão.
Ter na pele um carinho descontroladamente constante.

Estou apaixonada e à tua espera.







"Amar-te é adormecer com um alçapão aberto nos olhos
para que entres em mim enquanto sonho."


Se eu fosse poeta...

...eu te diria com palavras doces o que vai dentro de mim... falaria dos meus sonhos-desejos dos meus segredos e seria sim como uma fonte que nasce nos rochedos e, de repente, mina a sede sem fim... assim poderia aguar teu corpo-suado depois de trabalhar, quando em casa tão cansado precisasse do meu zelo, meus afagos... deitaria tua cabeça no meu colo e meus dedos entre os cabelos sentirias e dormirias o sono dos bem-aventurados... esperaria o acordar e em tua boca um beijo suave como a luz vinda de fora eu te daria, antes de teres que ir embora... diria que amar não é pecado e somos tolos em esperar e confessarmos aos quatro cantos nosso amor-iluminado (...seria capaz de pedir fique por hora)... e faria amor com tal ternura e encantamento e tu quererias mais e mais e mais e tanto que, como encanto, do meu corpo não mais desgrudarias.


*Cida Piussi

Tuesday, April 11, 2006

"Adoro a tua presença,
seja ela como for
O teu coraçao de menino, homem e sonhador
Que deixas comigo
quando tens que ir
Para além do equador

Das músicas que juntos ouvimos
E dos nossos sorrisos e lágrimas
Da nossa amizade
que sabe a fruta madura
E que seja assim
ou do jeito que for
Que se espalhe nos mares
Nos vales e pelas montanhas
E que nos pinte de qualquer cor
Em várias nuances e tons

Que o eco desta nossa canção
Espalhe o vento em notas musicais
Que seja paixão ou que seja lá o que for
O que deixas comigo quando tens que ir
Para além do equador"























Talvez eu não soubesse ao certo
O que me fazias sentir

Queria poder ver de perto teu rosto, as tuas expressões
Teus olhos vivos, claros
Teu sorriso livre, aberto

E em algumas noites quando a ausência de ti doe-me a alma
Revisito nossos momentos,
Refaço nossos caminhos
E a tua voz baixinha balbucia ao meu ouvido
O meu nome, o teu desejo de mim
Meu corpo estremece e outra vez encontra o teu
E minhas mãos desenham o contorno de ti

Mesmo sem teus olhos, vivos, claros,
Sem tua boca doce, sei que estás aqui

Talvez eu não soubesse ao certo
O que me fazias sentir
Agora sei.



Sunday, April 09, 2006


















Esta loucura que habita dentro de mim.
Transtornando meus sonhos em pedaços .
Me torna cada vez mais inconsciente.
Nesta loucura ,
Meus prazeres, desvanecem
No suave calor desta divina volúpia.
Os nervos me dominam.
Enquanto meu coração desfalece
numa promessa de amor.
Minha paixão ponho em clausura.
Meus medos se esvaziam
dominando o espaço.
Este prazer que esbarra,
todo tempo em lembrar.
Afunda neste meu delírio
Onde a solidão...
Retorna pela janela.


*Roza Cruz


Tua voz é uma indecência só. Indecente, incandescente, fosforescente. É sempre um quase sussurro, gemido abafado, sempre em segredo. Tuas frases alternam luz e sombra, entre consoantes, vogais e o ar denso entrecortando as palavras. Tua inspiração faz parte do que queres dizer e é sempre como um sopro em minha nuca molhada, depois de uma lambida. Tua voz soa meia luz, canta em meio tom e serpenteia entre dentes, sibilante, rastejante, subrepticiamente, vibrando víbora nas curvas da minha orelha, tocando aflita o lóbulo com sua língua ambígua e ela toda então desliza grossa, lisa, úmida de saliva, deflorando o ouvido.

*Ticcia

nalgum lugar em que eu nunca estive,
alegremente além de qualquer experiência,
teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,
nalgum lugar me abres sempre pétala por pétala
como a Primavera abre (tocando sutilmente, misteriosamente)
a sua primeira rosa (...)

*Nalgum Lugar E. E. Cummings (tradução: Augusto de Campos)




Há em ti o mistério do começo de todas as coisas, a beleza do que se cria e se imagina por primeiro, se inaugura, do nunca antes, da primeira vez e isso me pega desprevenida, chuva torrencial que despenca do céu no meio da tarde em plena primavera e traz consigo o gosto das estrelas nascidas na noite anterior. Minha cidade foi tomada de surpresa.
*Ticcia

Saturday, April 08, 2006





















"Desejo ser tua, inteiramente sua
Debaixo do sol ou da lua
Se eu olhar nos teus olhos consigo dizer
Com poucas palavras te descrever
Desejo você assim mesmo, intransponível
Te sentir da forma mais sensível
Quero te desvendar, descobrir em você
Até onde vai sua capacidade de amar
E então abro os meus olhos
Voltei à realidade, você em meus pensamentos
Só é uma vontade
Domina meus pensamentos
Atiça minha imaginação
E se atingir meu coração?
Quem é você?
Que me invade e me enche de saudades?"





Wednesday, April 05, 2006

"Quem é esse homem
surgido das profundezas do nada
envolto por misteriosa e cintilante névoa

Quem é esse homem
a me fazer docemente cativa,
que se apoderou dos meus sonhos e fantasias
Quem é esse homem
a dedilhar meu corpo com maestria,
que o transformou no instrumento de seu prazer
Quem é esse homem
a invadir a maciez do meu ventre
com incontida gula, que geme, suga e acaricia
Quem é esse homem
com afagos a me dominar,
que me enlouquece, na presença e na ausência
Quem é esse homem
a me falar palavras obscenas, apaixonadas,
transgressoras, ardentes
Quem é esse homem
a embriagar-se deliciosamente de mim,
que bebe sofregamente o néctar de meus seios
entorpecido pelo desejo latente
Quem é esse homem
a me envolver e hipnotizar com seu olhar,
que me tornou presa de seu fascínio,
objeto de seu insaciável e enlouquecido querer
Quem é esse homem
sem face, sem nome, sem origem e sem pudor
a me algemar no seu corpo em chamas
Quem é esse homem
que com seu sorriso felinamente travesso
me faz arder de paixão em suas mãos
Preciso saber quem é meu sedutor algoz
preciso saber até quando viverei prisioneira
dessa mágica e deliciosa atração...
Ainda não sabe?

Esse homem é

você!"

Tuesday, April 04, 2006

O que me resta é a pele marcada
Por tuas mãos impressas em fogo,
Decalcadas em minhas pernas,
Tatuadas em meu rosto,
A deixar exposto
O meu pecado.

O que me resta são as frases
Que nem sabes que disseste,
A ressoarem gravadas e repetidas
Em meus ouvidos
Como ecos de noites infindas.

O que me resta é meu ventre vazio
Que um dia visitaste
E a dor de não ter te eternizado
Em minha carne,
Que espera ainda a vida que não me deste.



O que me resta são meus olhos,
Sujos de teus espectros,
A turvar e manchar tudo o que me cerca
E a confundir meus caminhos.

O que me resta é minha boca
Triste de tua língua ausente,
Para sempre povoada por tua saliva.
O que me resta são meus seios
Mornos de teus carinhos,
Carentes de tua boca,
Eternamente marcados pelos teus dentes.

O que me resta são meus gestos
Encenados para o teu deleite,
Viciados em teus olhares,
Irremediavelmente alheios ao meu controle.

O que me resta é um recordar incessante
Um esperar eterno,
Suspensa no ar,
Entre um céu improvável e
Um possível inferno,
Até que tudo se espalhe e cale,
Até que tudo se esvaia e que eu te deixe só,
Até que eu tenha bebido tudo de nós.

(PAF/2002)

Monday, April 03, 2006

"...E non si può
Chiudere gli occhi e far finta di niente
Come fai tu quando resti con me
E non trovi il coraggio di dirmi che cosa c'è
Sarà dentro di me come una notte
D'inverno perché
Sarà da oggi in poi senza di te

Se ami sai quando tutto finisce
Se ami sai come un brivido triste
Come in un film dalle scene già viste
Che se ne va, oh no!
Sai bene quando inizia il dolore
E arriva la fine più una storia d'amore
Ma se ami prendi le mie mani
Perché prima di domani
Te ne andrai, non sarai
Qui con me..."



Sunday, April 02, 2006

Toca-me com as tuas mãos.


Faz-me desaparecer com
a tua pele.


Sufoca-me na tua língua.


Arrasta-me pelo ar com

o teu perfume.

Mata-me de vez.









"Negue seu amor e o seu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu
Diga que meu pranto é covardia
Mas não se esqueça
Que você foi meu um dia
Diga que já não me quer
Negue que me pertenceu
Que eu mostro a boca molhada
Ainda marcada pelo beijo seu"...






Saturday, April 01, 2006

"Por ti
morro a cada dia
de uma carência erótica
de uma boca aberta
sem beijá-lo
de uns olhos abertos
sem vê-lo
de umas pernas abertas
sem recebê-lo
Pelas fendas de meu corpo
pelas frestas das minhas defesas
te espero
numa carência erótica
que "só" se satisfaz em ti
nas fendas do seu corpo
na sua boca aberta
no seu olhar voraz
no seu sexo
a me invadir o corpo
a me inventar a alma."