Thursday, December 27, 2007

Jurei mentiras e sigo sozinha, assumo os pecados
Os ventos do norte não movem moinhos
E o que me resta é só um gemido



Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos,
Meu sangue latino, minha alma cativa

Rompi tratados, traí os ritos
Quebrei a lança, lancei no espaço
Um grito, um desabafo
E o que me importa é não estar vencida.

Sunday, December 23, 2007


Ah, se entendessem o que sinto
Veriam que ainda sou uma criança
Que quero colo e mimos

Deixar por um dia que seja
A responsabilidade de mulher
E ser, tão somente ser, menina...

Menina mimada
Menina atirada
Menina levada
Menina de dia
Mulher só de noite...


*Simone


Bendito és tu
entre os homens rasos e trôpegos,
entre os homens vazios e tristes,
e bendito é o fruto dos teus olhos,
a beleza que em mim não conhecia eco e que agora grita.
Bendito teu nome mil vezes em minha língua, em meu ventre,
entre minhas pernas e escrito em minha cara, bendito tu,
meus arreios,
vento que me lança contra o rochedo,
asas que me elevam além dos cirros.
Bendito,
eternamente bendito sejas,
toda vez que amaldiçôo o dia da minha entrega, da minha consagração,
porque bendita sou eu entre tuas mãos.

Sunday, December 16, 2007

Resposta ao Tempo



Batidas na porta da frente,
É o tempo.
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento.
Mas fico sem jeito, calado.
Ele ri,
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar, e eu não sei.

Num dia azul de verão, sinto o vento.
Há folhas no meu coração,
É o tempo.
Recordo o amor que perdi,
Ele ri.
Diz que somos iguais,
Se eu notei,
Pois não sabe ficar
E eu também não sei.

E gira em volta de mim,
Sussurra que apaga os caminhos,
Que amores terminam no escuro, sozinhos. ..

Respondo que ele aprisiona, eu liberto.
Que ele adormece as paixões, eu desperto.
E o tempo se rói com inveja de mim,
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver.

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer.
Eu posso, ele não vai poder, me esquecer.

*Cristovao Bastos/Aldir Blanc

Tuesday, December 04, 2007


Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim


*Chico Buarque

Sunday, December 02, 2007

Escrevo-te...


Hoje quero ser escritora sobre o papel do teu corpo.

Vou te gravar na pele, em palavras, aquilo que de dentro me trazes

Para que, por absorção, regresse ao teu ser e jamais se perca

E este ciclo se mantenha eterno.

A caneta é esta boca que repete à exaustão o que me fazes sentir

E a tinta, indelével, é o amor que sinto por ti.

À medida que escrevo vou-te cobrindo de pétalas vermelhas

que esvoaçam ao encostar das nossas bocas,

ao juntar dos nossos alentos em uníssono...


*Maria