Friday, March 31, 2006

COMO MORREM OS AMORES....



"Os amores morrem de inanição...
Se não há alimento...
Os amores morrem de decepção...
Se não há sobriedade...
Os amores morrem de ciúmes...
Se lhes falta alento...
Os amores morrem de quietude...
Se não há cumplicidade...
Os amores morrem de tédio...
Se lhes faltam motivação...
Os amores morrem de egoísmo...
Quando se ama em solidão...
Os amores morrem cedo...
Quando falta compreensão...



Os amores morrem queimados...
No calor de uma discussão...
Os amores morrem sufocados
Pela mágoa acumulada...
Os amores morrem afogados
No mar das mentiras criadas...
Os amores morrem doentes
Quando somos intransigentes...
Os amores morrem dormindo
Se a paixão vai se diluindo...
Os amores morrem porque nós o matamos...
Os amores morrem se os sentimentos ocultamos...
Os amores morrem...
Porque não os vivemos...
Os amores morrem...
E, morrendo o amor...
Nós é que morremos..."





Wednesday, March 29, 2006


"Tende piedade dos que se escravizam pelo laço de seda do amor, e se julgam donos de alguém,e sentem ciúmes, e se matam com veneno, e se torturam porque nao conseguem ver que o amor muda como o vento e como todas as coisas. Mas tende mais piedade dos que morrem de medo de amar e rejeitam o amor em nome de um amor maior que eles não conhecem"




*Outra contribuição da Nana linda...





Tuesday, March 28, 2006




"...Nós dois temos os mesmos defeitos


Sabemos tudo a nosso respeito


Somos suspeitos de um crime perfeito


Mas crimes perfeitos não deixam


suspeitos...."






Monday, March 27, 2006



"Não, a boca que me beija não é mais a tua. Não tem teus dentes, tua língua, o cheiro dos teus lábios, a consistência da tua pele, o gosto triste da tua saliva. A boca que me beija é terna e mansa, às vezes me morde e me esfola, mas não me devora. A boca que me beija não me reduz a zero entre o nada e o lugar nenhum, não deixa que eu me esvaia, não me possui, não me condena à anti-matéria, não causa uma corporragia de mim mesma. A boca que me beija me acaricia, me nutre, me gosta, me ama, mas não me desmantela, não me expurga, não me cospe, não me usa. A boca que me beija não me reinventa, não me ressuscita, não me envergonha, não me põe de joelhos, não me faz implorar e não vomita estrelas na minha. A boca que me beija me acolhe, me embala e me consola, por não ser mais a tua boca que me beija."

*Patricia  Antoniete



Sunday, March 26, 2006


Apeteces-me...

Queria trincar-te
Morder-te
Saborear-te.
Apeteces-me
Na ponta dos dedos
Nas coxas em brasa
Na palma das mãos.
Apeteces-me
Oh sabor conhecido
A fruto proibido
Que trago na boca.
Apeteces-me
Oh cheiro a pecado
Que tenho no corpo
Que guardo nas mãos.

*Encandescente



Saturday, March 25, 2006



Posso sentir ainda o teu sabor....

Ao fazer Amor na palma da mão....









Friday, March 24, 2006




"...Então ela pensou: Sou mais do que isso que vêem em mim. Mereço mais do que a atenção distraída, o gesto entediado, o olhar desatento. Nem eu mesma sabia, mas sou algo além desse vulto obscuro, essa criatura inaparente, resignada ou rancorosa, que permite ou cobra mais do que alguém lhe poderia dever. Eu sou o novelo das palavras não ditas que se condensou na treva onde me sinto sozinha. É dali que sobe esse vento e nasce esse palavreado incessante que não me deixa dormir; esse sopro de capim perfumado, esse farfalhar de passos que nunca chegam mas nunca se vão inteiramente, esse mar debaixo da sacada ... e sua música me dá coragem de abrir os olhos cada manhã de cada dia em que eu tento ser com tanta aflição. E preciso de que alguém que me ame, entenda isso, descubra isso, aceite e ame também isso em mim. ... quando o outro entende que sou apenas uma pessoa , uma pessoa, uma pessoa."

*Lya Luft

Noite de Solidão



"Noite, ansiedade, desejos, solidão
Te espero... Você tão longe...

Uma vã espera... O luar desenha formas nas paredes
Ouço uma música suave, de amor...
Solidão, de repente sinto uma brisa...
E um perfume, teu perfume
Vento cúmplice trouxe teu cheiro...
E você tão longe...

Fecho os olhos...Sonho...
E no sonho, te trago aqui juntinho...
E as lembranças, da nossa ultima noite...
Quando nos amamos com loucura...


Olhos fechados... Sonho...
E no sonho revivo os momentos... Nossos momentos...
Que vivemos com toda intensidade.
Beijos, carícias, cumplicidade...
Mãos percorrendo os corpos...

Lábios colados murmuram frases românticas.
Abraços.
Gestos ousados...Muito ousados
Afagos... Beijos nos locais mais desejados..
Ali... Sussurros. Gemidos... Dois corpos, agora nús, se tocam.
Corpos quentes rolam pelo chão. Êxtase...

Só em lembrar...Arrepio... Tesão....
Pelas lembranças... te quero agora ...

O vento esta forte... A música...
Te sinto... Grito teu nome... Êxtase..

De repente... O silêncio...
Acabou a música... Parou o vento...
Somente o luar, cúmplice...
Nesta noite de solidão... "



Tuesday, March 21, 2006


A espera de estar dentro dos teus olhos é gritante. Bastaria-me o silêncio e alguns gestos para levá-la a uma viagem em valsas nuvens. Quero dar trégua aos meus poros de respirar palavras na tentativa de escrever a alma. Quero que inspire meu aroma, meu cheiro viril pronto a virar teus olhos antes de um longo beijo. Nada temo, pois hoje sei que sou melhor que ontem, e não iria brincar com tão sublimes sentimentos. Que os ventos cúmplices escalem a aurora boreal para me levar ou te trazer para dentro de nós. Não mais desejo questionar encontros, coincidências. Vou por esse caminho, porque sinto que há borboletas em minha volta... Caminho em pensamento passos largos ao teu encontro. Os tempos perdidos, hoje se encontram guardados com sede de florescer, e nesse espaço eu me refaço. As fagulhas de sonhos que outrora me escaparam, hoje retornam virís e ávidas a acender a lenha que quer arder. Não olho mais para o chão. Espreito na janela das belas paisagens que nos esperam. Tornaste pujantes meus desejos de realizar, amar e ser amada. Agradeço todos os dias a você; e aos deuses pela trama. Hoje sonho o vinho, a taça, seu sorriso sua graça, meu desejo; se envolver. Tudo aquilo que guardei, transformou-se no melhor e eu já sei até décor, como e quando entregarei. O tempo e o sal na vida nos ensina tanta coisa. Hoje tento controlar minhas mãos súplices de desejo em tocar seu rosto, corpo e alma.


*Beto Quelhas

Sunday, March 19, 2006


Te entrego uma vaga memória de tudo aquilo que fui compondo entre sustos e sussurros da vida vivida antes. Antes que teu gemido se embrenhasse por meu ouvido, antes que teus dedos me segurassem pelos cabelos, antes que tua pele vestisse meu desejo. Te entrego a mulher que era para que tu me tomes nos braços e me conheças antes que a metamorfose se complete e eu esteja toda aberta em pétalas sobre teu peito.

*Ticcia

Saturday, March 18, 2006


"Eu hoje queria deixar-te uma rosa sobre a roupa que vestirias para trabalhar. Outra em cima do sabonete do teu banheiro. E mais outra no pára-brisas. Tu irias te irritar com a declaração de amor escrita no vidro do teu carro com meu baton mais ordinário. E queria esta história de amor escrita com o silêncio da verdade que eu nunca te contei. E que nem vou contar. Mas que é bonita e fala de ti."

*Cris Diniz

Wednesday, March 15, 2006


Por uma concessão especial aos teus olhos, minhas portas principais estão abertas pra ti e te concedo acesso irrestrito. Não corra, não se apresse em revirar as gavetas, inspecionar armários, conferir a limpeza dos móveis. Terás tempo para isso. De momento, apenas observe da porta o ambiente e pense se realmente queres entrar. A decoração mistura estilos e quase escorrega no mau gosto, mas não é sempre assim? O genial tem um pé no excessivo. Sentadas à esquerda, estão as expectativas, mantidas de olhos vendados. Se eu fosse você, as preferiria assim. O cheiro de comida é certamente uma maneira de te dar boas vindas e de por água em tua boca, mas os sabores variam muito conforme o dia, do doce ao picante. Há lençóis brancos na cama esperando pelo desenho do teu corpo e tuas substâncias, flores nos vasos que merecem teus olhos, janelas aguardando serem descerradas por tuas mãos e uma luz que pede suavidade e cuidado envolve tudo e adverte que meu espaço trata-se de um templo. Entendeste tudo? Não costumo deixar as portas abertas por muito tempo.

*Ticcia



"Tatua meu ventre com as letras do teu nome.
A ausência do teu cheiro e do teu respirar enlouquece-me os sentidos.
Derrama em mim teu gozo quente e deixa-me derreter-me em ti.
Aperta minhas ancas com mãos grandes e espalmadas.
Para que meu corpo se aproxime do teu.
E eu te sinta fundo dentro de mim.
Deixa que eu soluce meus delírios e transborde meus desejos.
Escuta minhas loucuras e dá-me tuas palavras indecentes.
Chama-me tua...
Puta, vadia, tua.
Pede-me que te aperte que me cole e descole de ti.
O ritmo do amor que siga sua própria melodia.
Molha meus lábios com teu hálito.
Me enlouqueça.
Quando o nossos orgasmos juntos explodirem.
Me abraça...
Me beija.
Me desaqueça.
Deixe que o abraço se desenlace.
Me amanheça
... "

Tuesday, March 14, 2006

Ontem li os jornais. Descobri que precisava fazer uma faxina em mim. Abrir os armários-coração e sacudir as cortinas dos olhos. As páginas higiênicas me fizeram sorrir.
E pela primeira vez, em muito tempo, varri os cantos. Expulsei as baratossauras e lagartixas gigantes do meu passado.
Hoje é dia de faxina. Jogo fora os papéis e fotografias. As retinas ganharão colírio. E a garganta, soro. Hoje não vou ler as revistas. Nem vou atenuar as palavras. Vou amassar o passado. E não vou perdoar minhas críticas. Hoje o dia começa novo. Radiante. Porquê o dono da banca da esquina devolveu os jornais de ontem.


E nada do que foi voltará. No entanto, o que ofertei aos outros, nem a faxina levará.


*Nefertari

Monday, March 13, 2006

Aos que comungam do meu corpo, o prazer da minha carne, meus suspiros embevecidos, meus grunhidos, minhas unhas, meus gemidos, minhas taras, meu gozo, meu suor, um pouco de saliva e seu gosto impresso em minha língua enquanto dura a lambida. A eles, sorriso asséptico, bom dia, como vai.

Ao que comunga da minha alma, tudo isso e sua tradução, todos os instantes do peito, inspiração, fagocitose, ressurreição por overdose, minha mão em fim de tarde, meu colo para deitar, poemas escritos sobre a pele, minha comida, minha cama, minha casa e tudo para lembrar. A ele, olhar guardado entre sedas e esmeraldas, silêncio que me explica.

*Ticcia

Sunday, March 12, 2006

Faça-me tua...




Vou deixar meu quarto aberto,
a cama desforrada,
no ar um cheiro amadeirado,
Entre!
Espero-te de braços abertos.
Na face, um sorriso de menina travessa,
no olhar, um jeito de mulher safada,
no corpo, um desejo de mulher devassa.

Feche a porta!
Abraça-me!
Seduza-me...
Fique comigo, não só por um gozo.
Penetre-me, não apenas as fendas,
mas também o coração.
Faça-me tua, nua, crua, vadia,
envolta nos lençóis em desalinho,
Deixe suas marcas em meu corpo,
Seu suor em minha pele,
nossos cheiros misturados.

Quero ser seu vício, seu pecado
Perder-me em teus desejos,
sorrir, gozar, amar...
Faça-me tua mulher,
feliz, saciada...
Adormeça em meus braços,
fica comigo.
Perca a chave da porta!

*Monica Amelia



Saturday, March 11, 2006




Rubras faces
Rubros lábios molhados
Caio de joelhos
cai a fina camisola perfumada
Inebriante mais que o melhor néctar e sem mais...

Te seduzo!

Abuso,
Lambuzo tudo
com meu arfar
molhado com leite e mel romano
com palavras e defeitos.
Mundano,
Humano...

Te seduzo!

Com carinho.
Delicada porcelana.
te envolvo e te engano.
Há malícia no ar.
A vontade inundando tudo a nós...
mas ainda não!

Te seduzo!

Seus olhos já não estão em mim.
Estão fechados, advinhando meus toques.
Suas mãos suadas
Me conduzindo...
... aprendo seu corpo.

Te seduzo!

Cada pêlo
cada poro,
cada milímetro quadrado
dessa tez morena
implorará por mim
E de repente afundo

Reparo, então
que no fim do fundo
não mais seduzo...
Seduzido me confundo,
com você.

*Cláudio de F. Barbosa



--

Diz



Diz que me ama
me joga na cama
me cobre de cheiros
vem sentir o meu gosto
que se perde em teu corpo e nos travesseiros...

Diz que me quer
para num ato insano
ser tua mulher
sente o calor
que vem de um momento
de muito amor...

Diz que este fogo
que te deixa louco
não vais esquecer
depois do silêncio
somente em teus braços
irei me perder...

Diz que errei
ao tentar traduzir
momento tão lindo
tenta falar
mesmo sem querer
me olhas sorrindo...

Diz o que quer
faça teu canto
sonhe calado
mas fique ao meu lado
perdido em ti
em meu corpo molhado...

Diz que agora
seremos nós dois
com a chuva lá fora
nos aguardando para o depois...

Vem minha Gota
me toma por inteira
vamos repetir tudo no chuveiro


*F. M.


Friday, March 10, 2006




"Um dia tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e que não quero mais!

Peguei nas palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima da estante, e atirei-as fora!

Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não as perder de vista.

Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar e, principalmente, de recomeçar..."
.























Não demora agora
Há tanto pra gente conversar
Eu desejo e vejo, a rua você atravessar

Os teus passos largos já não me incomodam
Não te acompanho mais, caminho do meu modo
Teus olhos turvos pouco sinceros
Não me atormentam quanto mais eu enxergo

Eu e você, podia ser
Mas o vento mudou a direção
Eu e você e essa canção
Pra dizer adeus ao nosso,
Ao nosso coração

Tá na minha frente
Não se perturbe verdade é pra falar
Sei que vai morrer um pouco
Mas ainda há tanto pra lembrar
O teu sorriso lindo, indefinido
Suas mãos tão quentes atravessando o meu vestido

Palavras que falávamos simultaneamente
No meu ouvido o teu discurso indecente

Eu e você, podia ser
Mas o vento mudou a direção
Eu e você e essa canção
Pra dizer adeus ao nosso ...

Às vezes o amor
Escorre como areia entre os dedos
Não tem explicação para tantos erros
É melhor partir
Antes do último grão
Cair...

Eu e você, podia ser
Mas o vento mudou a direção
Eu e você e essa canção
Pra dizer adeus ao nosso, ao nosso coração...

*Isabella Taviani

.

Wednesday, March 08, 2006



Estou mais atrevida
Mordaz e ferina
Estou cheia de vida
Sagaz e ladina
Já não sou mais a mesma
Respiro outros ares
Navego outros mares
São tantos olhares
Convites, sorrisos
Eu gosto eu preciso
Pois é...
Que ficou impossível não ver
Mudei de você
Por isso me esqueça
Virei a cabeça
Nas noites mal dormidas
Rezava seu nome
Olhava na janela
Chorava seu nome
Mexia em sua roupa
Gemia seu nome
Morria de sede
Subia as paredes
Me amava sozinha
Você não me vinha

Pois é....
Que ficou impossível não ver
Mudei de você
Já não me inicia
Já não me arrepia
Estou mais atrevida
Tô cheia de vida
Você não me provoca
Nem quando me toca
Agora eu tenho
É fome de homem
Que seja feliz

*Isabella Taviani

Tuesday, March 07, 2006

Vem pra misturar juízo e carnaval
Huu, vem trair a solidão
Vem pra separar o lado bom do mal
E acalmar meu coração






Vem pra me tirar o escuro e a sensação
de que o inferno é por aqui
Vem pra se arrumar na minha confusão
Vem querendo ser feliz

*Maria Rita

Monday, March 06, 2006

Sexo virtual



"Como que se possível fosse...
Como se possível é
Assim te deixar louco
Rouco de desejos
Beijos.
Se a imaginação não existisse...
O coração não sentiria
O pulso não pulsaria
E os dedos, ávidos de desejos
Delineasse as curvas,
Os gestos, no teclado
Noite a dentro.
Vadios de nós...
Nos lençóis virtuais
Amar o não visto
Dos gemidos dados
Ouvidos ao longe
Oceanos a dentro.
E nós, desse jeito...
Sem jeito algum
Procurando um jeito de
Se conquistar
Conquistar-se.
E nós reinventando a roda...
Nos beijos, desejos,
Vontades sem fim.
Como que se fosse possível
Matar todas as sedes
Desse nosso sentir.
Sexo Virtual?
Onde? "



Sunday, March 05, 2006


Vem destapar-me o corpo, escorregar na minha boca
e encher-me de sussuros, fôlegos e toldos de luz.
Vem passear-te pelos meus vales,
sem fuligem nos olhos
nem equívocos nos lábios.
Deixa que a alma transborde da carne.
Vem.
Para sermos paixão enroscada.

*Carla Ferreira Pedro



Saturday, March 04, 2006

Vejo-te, a cada instante, como se estivesses aqui. Abraço-te, e sinto o teu corpo, colado ao meu. Desenho-te, sobre a tela branca, contornos de um corpo que sinto com a ponta dos dedos. O meu corpo incandescente, aquece o teu, gelado, derretendo-te os sentidos. Num instante, a escuridão da noite ganha luz própria e sinto-te sobre o meu corpo. Falas-me ao ouvido enquanto eu percorro com a palma das minhas mãos a tua pele. Hoje, nesta noite fria, o gelo é queimado pelo desejo de nos amarmos, os corpos, desejam-se e as almas abraçam-se, as nossas bocas colam-se em pequenos beijos, em doces trocas de línguas. As roupas que ainda nos cobriam vão aos poucos deixando-nos e sinto-te chegar, entras em mim, o meu corpo estremece quando te recebe, lentamente, deixando-se escorregar por mim. As minhas unhas cravam-se com força sobre as tuas costas, a tua boca chama-me, e eu respondo-lhe com a ondulação suave do meu corpo, procurando-te o prazer, que sentes. O êxtase final aproxima-se quando os corpos, colados, molhados, sentem os músculos sobre tensão, quando as almas se libertam dos corpos, por um breve instante e se vão aninhar nos braços do ser amado. Beijas os meus lábios docemente, a tua saliva em erupção é alimento que devoro, a tua língua, que se adentra em mim, oferece-me os segredos nunca revelados... O meu corpo, perdido sobre o teu, em espasmos de prazer, sente-se inundado pela seiva quente que me entregas, como se de um alimento se tratasse. Sinto o peso do teu corpo, subitamente sobre o meu, como se tivesses acabado de cair do céu, como se um anjo se tivesse precipitado sobre mim.

*Alfa69 (adaptado)





















"Atar o cabelo com fitas vermelhas e pintar uma raiz nos meus olhos.
Respirar uma boca, acender-lhe o peito e unir os laços.
Oferecer uma via láctea, encostar a porta e dormir aninhada.
Explodir todos os dias como um eco numa só voz.
Encostar a cabeça num ombro onde apenas eu me encaixo.
Nunca deixar de sonhar.
Pintar alegrias no sangue onde correr."



Thursday, March 02, 2006

"Com um gosto de nunca mais na boca, embebeu um morango em leite condensado, ligando os poros da fruta às comissuras de seus lábios, perfumando os caminhos de seu hálito com gosto escarlate de primavera. Reviveu sua quimera, essas raízes grandes de um baobá, que fundo se agarram a suas pernas, seus olhos folhas grandes de uma vitória-régia, flutuando num rio de lágrimas tão grandes que salgam a tudo com gosto de mar. Segura forte nas mãos da doce miséria, sentimento mascarado de centopéia, inúmeros pés para melhor disparar, mas se lembra que onde existem inúmeras pernas acompanham infinitos braços, mil tipos diferentes de abraços, dos amigos um laço que não lhe cabe desatar. Pois do ar do choro salgado sopra um mormaço, vento quente perolado, que das ostras mais firmes se criam jóias de areia, que dos desertos da solidão vicejam como estrelas nas noites sem luar. Que do espaço sideral essas estrelas gorgeiam, como pássaros criando ninhos de folhas secas e do barro molhado da terra de seu pomar. Percebe que o universo só mostra o que a gente quer mostrar. Que ele não conspira, que não respira se a gente não sabe respirar. Então ela respira, leite condensado na língua e azedo da polpa que ativa. O agridoce. É o que lhe coube hoje. Amanhã, quem saberá."

*Adolfo Colen

Wednesday, March 01, 2006

As saudades do que não vivi não me causam dor.
Habita meu peito o desejo do novo, do perfume não aspirado.
A esquina deixada para trás, empoeirada, erma, faz parte de uma moldura envelhecida.
Sonho com cachoeiras e corredeiras por onde meu coração possa se aventurar.
As águas congelantes batem no meu rosto com uma nova mensagem.
E desejo, e passeio, e retorno aos sentidos animais de mim mesma.
As viagens para dentro de mim não doem mais.

E posso subir, descer, embrenhar, correr, com passos doces, com palavras rudes.
Ninguém sairá ferido, eu não machucarei aqueles que colhem meus espinhos.

Pois hoje escorre mel pelos cantos do meu sorriso.
E nascem flores sob meus passos.

Nas águas de fevereiro, afoguei o meu passado.
As cachoeiras agora têm um pouco de mim.
São portadoras da minha dor, as levam para bem longe.
Mandei pelas corredeiras as lágrimas opressoras dos meus sorrisos.
Escondi sob cada pedra do caminho, um pouco do sofrimento aflito.
Aprendi: - com um grito, a vida muda.
Enterrei nos portais energéticos e imaginários tudo o que eu não mais queria.

Rompi com o passado.
Decidi.
Hoje sou uma nova rainha.
De cabeça erguida e novas perspectivas.
Estou de volta.

A Casa reabro.
Mas do passado, não trago nem a lembrança.


*Nefertari, adaptado.

"Amor febril, amor viril, amor adolescente, amor impuro e de luxo, amor ardente, amor correspondido, amor fingido ou verdadeiro.

Amor intermitente, amor doente, amor primeiro.
Amor sem pretensão, amor paixão que chega de repente, que mata e se destrói, que arrasa que corrói e acaba simplesmente.

Amor que se entrega, amor que cega, a
mor que embriaga, que vem feito tufão e abrindo o coração se espalha feito praga.

Amor desesperado, amor mascado, amor proibido, amor desilusão, amor em vão, amor interesseiro, amor traiçoeiro.

Amor que não se vende.
Amor que não tem fim.

Só quem amou assim me compreende.
"
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