Wednesday, May 24, 2006
























A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,

Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres d’agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...

E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias...


A minha Dor é um convento.
Há lírios dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro!
E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...


Há sonhos que ao enterrar-se,
Levam dentro do caixão
Bocados da nossa alma,
Pedaços do coração!


*Florbela Espanca




1 comment:

Anonymous said...

A DOR DO AMOR

É uma dor que não dói,
Melhor seria dizer, corrói.
É uma dor que arrasa,
Deixa o coração em brasa.

Abrasa de tanto pensar;
As vezes chega a amargar;
Espreme ao ponto de o coração esmagar;
As vezes imagina-se que fosse melhor não AMAR.

O amor verdadeiro quando menos se espera acontece.
O ser humano perece, emagrece;
O deixa calado, entristece.

Não se consegue evitar, aborrece.
Mas, apesar de tudo;
A M A R... e n o b r e c e.

Don Cuervo