Friday, January 27, 2006













Apenas um beijo

pra que se possa lembrar, acreditar
que essa história não foi assim tão pequena
pra que se possa guardar todo o gozo do gosto
o calor do teu rosto
a força de cada olhar
Esse sentir imenso enche o ar feito incenso
forte presença
esta é minha sentença: te desejei
em cada gota de suor do teu rosto
cada gesto.
Vi nos teus olhos o que queria ser
senti no teu corpo o que queria ter
desejei teu desejo
me perdi no teu passo e pensei
me encontrar em cada abraço


Este teu sorrir me fascinava.
Me sentia feito menina, diante de um presente.
O dia se fazia claro. Qualquer dia.
A noite se enchia de estrelas.Todas elas.
As horas passavam rasteiras. Sem pressa.
Transformava simples palavras em rimas
Tão pobres. Tão tolas. Tão sinceras.
Fizestes do tempo um brinquedo de cordas
e acordavas o sono dos tolos
com acordes vibrantes
com as notas dissonantes de seu gargalhar.
Soava feito um trinado
meio semi-tonado.
Era cantiga, acalento,
Canção de ninar.

Tranqüilo e terno
o que mais me atraia em ti era teu riso,
artéria onde pulsava teu sangue
onde batia em compasso a hora que por ti passava
e nem se notava
a noite que não chegava
e já se ia
a fumaça que antes nublava meu caminho
e o sol que fizestes brilhar em meus olhos por ti.
Hei de lembrar para sempre
todos os teus castelos
teus cantos e recantos
todos os teus encantos que aprendemos a aprender.

Plenitude
O amor que se fez
me fez mulher novamente
corpo e alma.
Sopro de vida em meus ouvidos
rasgo de luz em meu ventre
prazer perpetuando-me as entranhas,
manhas.
Manhãs enluarando-se.
Despejar de vida
sorvida em gotas - puro gozo
gosto de amor feito sem pressa
pétalas de orvalho,
gotas de margarida,
raios de estrela,
noite de sóis amanhecidos.
Braços, bocas, línguas.
Entumecidas.
Arpejos harmoniosos
movimentos sincopados
desejos sincronizados.
Luxúria? Pecado?
Paixão.
Pés, pelos, cabelos.
Pernas trançadas
corpos selados, suados, cansados.
Plenos.

Hoje lembranças apenas.

*Dayse

1 comment:

Anonymous said...

Dor que fez da paixão
uma desilusão.

Uma dor terrível em mim instalou-se
Essa dor dilacera meu peito...
Destrói meu coração,
e esse já não tem mais serventia,
nesse meu corpo desfalecido,
nessa minha alma vazia.

Gritar por atenção
já não quero mais.
Faço gestos, me desato e ato em atos
para conquistar-te
para agradar-te,
sendo que só agora percebo,
que é minha ausência que agrada-te,
que nas minhas lamúrias te fortaleces.

Amei-te com toda força
do meu imperfeito ser.
Queria-te comigo,
sentir-lhe minha amiga,
meu amor verdadeiro.
Me pergunto porque amo
assim, descontrolado?
Onde há amor?
Em pessoas raras,
pois hoje busca-se prazer
sem o encontro das almas.
Busca-se a satisfação carnal
sem o encanto do afeto.
Busca-se a perfeição no outro
sem entender seus próprios defeitos.
Qualquer desejo,
pode ser entendido como posse.
Qualquer vontade de estar junto,
pode ser entendida como controle.
Qualquer sentimento que muito se expande,
pode ser entendido como fraqueza.
Qualquer demonstração de amor insuperável,
pode ser entendido como superficialidade.
Qualquer declaração de amor, como essa,
pode ser entendida como um enfeite à franqueza.

Desculpe-me se agora eu grito,
é essa dor dilacerante
que não quer calar,
quer espalhar a toda gente
essa louca vontade de te amar.

Contudo calar-me-ei então,
não quero magoar teu coração.
Quero que tenhas boas lembranças
do nosso tempo compartilhado,
embora raro,
um tempo fascinante.
Tempo esse que provocou-me
um brilho no olhar,
um sincero sorriso,
o coração a palpitar
e o corpo a estremecer.

Te peço que não comentes
sobre essa dor lancinante.
Doravante
tentarei ser mais centrado,
ser menos apaixonado,
ser menos tolo,
pois é fato
que nesse mundo
sentimentos de amizade e amor,
estão perdendo a validade.
Pois há outras questões
que se fazem urgentes:
O individualismo,
o egoísmo,
a falta de doação.

Não tem nada não,
essa dor um dia há de abandonar-me.
Infelizmente vai entrar em outro coração.
Mas ponho-me a lamentar,
por perder essa paixão,
esse sentimento desvairado,
que modificou-me totalmente.
Esse sentimento que foi tragado,
por essa dor agonizante,
que mais tarde transformado,
será somente mais uma desilusão.