"Encostar os lábios.
Só encostar os lábios...
E ficarem paradas, coladas,
A tua boca e a minha.
E chamar-te com a língua
E a tua responder,
E enroscar-se
E perder-se
E ficar
E esquecer-se,
Num beijo tão longo
De língua e saliva…
E subir por ti,
E escalar o teu rosto,
E dar-te o meu peito
Para tu provares,
Do desejo tanto
Que o mamilo hirto
Dói na tua boca.
E a dor é tão quente
Que contorce o corpo,
Que enrola o corpo,
Que geme prazer.
E a tua mão
Que me surpreende,
Que me toca e prende,
Que me sabe, me pressente,
E adivinha,
Os lugares secretos
Os meus locais calados
Onde a tua mão se aloja
Onde a tua mão se aninha.
E eu assim tão presa entre a tua boca
Que me suga o peito,
Que o morde e o beija
E o acarinha.
E a tua mão
Que me abre o corpo,
E recebe o rio
Que me molha as coxas
Que te molha as coxas
E acaricias."