Monday, August 21, 2006


Que vaga rima me permite agora
desenhar-te de rosto e corpo inteiro
se só na tua pele é verdadeiro
o lume que na língua se demora...

*Antonio Alexandre



3 comments:

Anonymous said...

"Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem."
*Pablo Nerruda

Ana Claudia Lintner said...

"Beijei tua boca. Sabia a amargo. Ao amargo do meu ultimo trago.
Seguraste forte minha mao,
Nao me deixavas partir...
Mas eu era leve, era asas...
voei!"

Que bom ter notícias de você :)
Beijos!

Ana Claudia Lintner said...

"Um corpo
poderoso
parte mínima
língua
rasgando o todo
lambendo vida
torturando doce

Semântica
estranha
volúpia
desejedizendo"