Sunday, November 25, 2007

Meu ofício é o das infimidades, das insignificâncias, dos resquícios, do que mais cedo ou mais tarde ficará impresso em página nenhuma, desbotará ao sol de um dia esquecido e secará à mingua. Meu ofício é o da inapreensão, da volatilidade e da inconcretude, do que nunca terá raízes, do que nunca saberá do ventre, do que nunca cumprirá um laço e num dia de vento será elevado aos ares, rodopiará sobre as árvores, subirá além dos fios de alta tensão e desaparecerá por detrás de um edifício cinzento. Meu ofício é o da impermanência, do que não se sustenta sobre o próprio peso, do que não vale preço algum, do que se perde no exílio de si mesmo, do que é descartável, prescindível, etéreo.

*Ticcia

1 comment:

Ana Claudia Lintner said...

"Vinho
Se o queres seco
para molhar a garganta
eu o quero suave
para reiventar
esta chama.
se o queres branco
para velar a virgem
eu o quero
vermelho
do porto
para aportar
as paixões
que me dividem."

Sempre lindo o teu blog, minha doce amiga.