"Passeando pela vida ao lado da tranqüilidade. Espalhando sorrisos como grãos de areia. Sentindo a calmaria do mar na Alma. Derramando saudade, esperando por palavras doces. No meio de olhares despidos, olhares despretensiosos. Construindo sonhos em meio a promessas silenciosas. Amanhecendo, entardecendo e anoitecendo simplesmente. Fechar os olhos e ter aos pés margaridas e pertencer a um sentimento que permanece em um outro tempo que começa aqui agora."
Saturday, April 10, 2010
Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste o tempo de iludires a arquitetura fria do estaleiro
onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste, se partiste, que dentro de mim se acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo, embora como um lume de cera,
lento e brando, que já não derrama calor.
Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo cegueira pior do que a minha:
o frio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
no cais como se transportassem no corpo o vaivém
dos barcos.
Dizem-me os seus passos que vale a pena esperar,
porque as ondas acabam sempre por quebrar-se junto das margens.
Mas eu sei que o meu mar está cercado de litorais,
que é tarde para quase tudo.
Por isso, vou para casa e aguardo os sonhos, pontuais como a noite.
*Maria do Rosário Pedreira
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