Sunday, September 27, 2009

SUBIDA



Quando o dia acorda atravessado, escalo uma montanha.

É meu próprio caminho em direção ao sol.

Mochila nas costas, carrego o principal não levo nem perguntas, nem respostas.

Ponho um ramo de sonhos que vou plantando pelo caminho, a flauta encantada pra seduzir passarinho, a estrela companheira que brilha o tempo inteiro e mantém a trilha iluminada;
um frasco de água benta, uma reza certeira; um arco-íris à prova de vento, um peito aberto à prova de nada.

Devagarinho, sem pressionar o tempo, chego ao meu destino.

Respiro fundo, abro os braços, canto um hino de sagração ao mundo - e agradeço - por ter descoberto de repente por onde se começa um recomeço.


*Flora Figueiredo

Wednesday, September 23, 2009

Naufraguei entre dois fôlegos

de um tempo

em que respirar-te era um bálsamo.




São instantes, as felicidades virgens.

São saudades, são queixumes,

são escolhas lançadas de um barco

que não alcançam o vento nem o sal da minha fé.



*cferreirapedro (Os ácaros do meu armário)

Tuesday, September 22, 2009

Voltas em volta dos contratos de Amor




Nos contratos que tu lavras
não vi, Amor, valimento.
Só palavras e palavras
feitas de sonho e de vento.

Primeira volta: lavrar.
Lavra o amor algum contrato?
Lavra, sim, mas como ato
de grassar, de incendiar.
Lavrar? Melhor - celebrar.
Se há bona fide e paixão
no ato da celebração,
há muito mais que palavras
nos contratos que tu lavras,
há um sol na solidão.

Volta dois: da validade.
O amor, o amar vale a pena
se a pessoa não é pequena.
Seu prazo é a sua verdade:
um dia? a eternidade?
Seja intenso, seja infindo
enquanto dure, indo e vindo.
Diz o mote em desalento:
- não vi, Amor, valimento,
mas eu vi e vale e é lindo.
Terceira volta: o objeto
desses contratos de Amor
há de ser somente o amor
seja ele aberto ou secreto.
Mas que seja o Amor, completo
em sua frágil plenitude.
Ah, Amor, que só amor mude
os contratos que apalavras.
Só palavras e palavras
amor não é, amiúde.

Que esta quarta volta abrace
a palavra. Que a não leve
o vento. Que a verdade a eleve
em seu altar e que a enlace.
O amor fica ainda que passe,
ainda que passe o vento.
Feitas de sonho e de vento?
Palavras do Amor, risonho:
que se são feitas de sonho,
não, não são feitas de vento.



*Pedro Galvão

Tuesday, September 15, 2009

"Entonces seré tuya...


... llenando mi cuerpo con tus

deseos...

Abandónate conmigo...

...y no busques nada más..."