Sunday, October 12, 2008

Soneto XI



Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pelo, e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado, não me sustenta o pão, a aurora me desequilibra, busco o som líquido de teus pés no dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas, quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado de tua beleza, o nariz soberano do arrogante rosto, quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo buscando-te, buscando teu coração ardente como um puma na solidão de Quitratúe.



*Pablo Neruda

1 comment:

Olhar o mar said...

Olá Kitty,

É sempre com imenso agrado que registo seus comentários e uma força oculta me obriga a aqui vir prestar minha homenagem a seu blog e fluir nas musicas que me encantam (e que eu não consigo transpor para o meu.

Sua sensibilidade e amabilidade me fazem repensar em voltar a escrever e a postar e para si, um pouco em resposta ao que me escreveu aqui vai:

o amor é assim, fugaz,
culpa minha, culpa tua,
um dia com vontade de sair e bailar para a lua,
outro dia esperança de papel em dia de chuva.

um grande abraço nesta onda de amor e liberdade que envolve nossos paises separados por este oceano de dádivas imensas.

olharomar