Tuesday, July 15, 2008



é rouca a minha voz
na madrugada,
por entre os sobressaltos do sono
a chamar-te,
vem.

não bailo o tango
nem canto o fado,
apenas ouço blues por distração.
nunca espero
o fantasma de mim mesma
perdida de amor e falta
a visitar-me
nessa hora tardia.
voz embaraçada
no meu sonho,
assim, intangível.
porém punhal.

o embalo dos braços vazios.
e a queda sem vertigem
da tua mão inexistente
pelos meus cabelos.
da tua (ina)atenção
a velar-me carinhosamente.

quero-te,
diz muito baixo o meu desespero,
nas horas em que me descuido.

*Sílvia Chueire

1 comment:

Anonymous said...

A Moça Do Sonho

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais

*Chico Buarque/Edu Lobo