Saturday, February 09, 2008


Desde sempre temi tua aderência permanente à minha pele. Temi encontrar para sempre em meus espelhos traços borrados dos sorrisos nascidos para os teus olhos, do corpo esculpido por tuas mãos. Desde sempre temi tua marca indelével em minha vida, eternamente amiudando quem quer que fosse, conjurando fracassos e esmorecimentos daquilo que pretendia sobrepor à tua ausência. Desde sempre temi a mancha do teu gosto em meu destino, o sal da tua língua encrustrado no sabor de todos os dias, emprestando fel a tudo de ti alheio. Hoje meu temor fenece e dispo minhas asas aleijadas, visto teus arreios invisíveis e aceito a sina de casar com as memórias do que fomos.

*Patricia Antoniete

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