O mundo em silêncio e, em algum lugar, tua carne ainda ocupa o centro de
mim, teu nome se reveza entre meus olhos e minha boca, sem que eu saiba
que forma ele finalmente terá. Tem garras, o teu nome. Tem também um
sumo que arde quando escala a garganta e me põe essa dor paralisante nas
mãos. O pior em cada coisa é não saber se ensurdeceste à minha voz, o
pior em tudo é pressentir que estás desertando de mim e que tudo seca,
tudo murcha e se despetala em ausência. Sou o retrato bruto da dor, aqui
posta de braços abertos à espera dos teus olhos. Sou eu mesma a dor
refundada, delicadamente urdida sobre uma frágil tecitura de memória,
imóvel e dócil, como só a tristeza pode compor ao corpo. Espero ínfima,
mansa e imolada inseta na teia pela tua fome, ou teu abandono.