Faz música pra mim e coloca em
envelopes fechados por língua morna. Faz versos nas costas da lua. Dedilha
nossos desafinos. Na areia da praia anoitecida, deita minha ausência e colhe os
ruídos. Oferece na concha das mãos. Segredos. Canta baixinho e grita desespero
para abafar o silêncio das pausas. Desatina mariposa, asas de procura nos meus
olhos acesos. Desenha em ponta de agulha sobre a pele e assina o nome por
baixo. Criptografia. Espera. Até ouvir meu riso com gosto de maçã a provocar
cócegas na saudade. Ele faz música e promessas bordadas em gaze. Eu sangro.
*Ane Aguirre