“Todo amor tem seu instante inaugural, seu big bang particular, que é, por definição, um começo perdido, do qual os amantes, por mais perspicazes que sejam, nunca são contemporâneos. Não há amante que não seja, na verdade, o herdeiro tardio de um instante de amor que nunca verá, capturado que ficou, e para sempre, no breu da sua aparição. Só que agora, com o discernimento frenético dos que já se sabem condenados, (…) podia voltar atrás e procurar esse sinal original, tentar identificá-lo ou dar-se ao luxo, mesmo, de escolhê-lo. Podia, por exemplo, demorar-se um instante numa imagem (…), mas depois a descartava, decepcionado, para deixar-se enfeitiçar por outra (…), até que descartava o álbum inteiro e caía de joelhos diante de um som, um único som (…)”
*Alan Pauls
*Alan Pauls